quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DÓLAR ALTO E PROTECIONISMO




DÓLAR ALTO E PROTECIONISMO

Edição: 252, em 28/09/11 - Autor: A Notícia - A Notícia
A valorização da moeda americana e o estabelecimento de barreiras aos produtos estrangeiros ganham força com acirramento da crise mundial. O principal impacto destes reflexos é a redução no ritmo do crescimento

Brasileiros que sonhavam em comprar um carro importado bateram numa barreira que começa a se erguer em todo o mundo. Medidas de proteção ao mercado interno, destinadas a favorecer a indústria nacional e manter o emprego, têm crescido desde a crise de 2008, erguendo muros nas fronteiras de países ricos e emergentes. No Brasil, a adoção de um tributo interno – Imposto sobre Produtos Industrializados – para tratar de forma diferente veículos nacionais e importados abriu uma nova fase de um estudado plano de defesa comercial anunciado pela equipe econômica do governo desde a posse.

“É uma das consequências da crise. Como uma provável queda nas exportações deve afetar o emprego, mais medidas serão tomadas para defender o mercado de trabalho local”, adverte o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Efeito previsto logo depois do congelamento do crédito entre o final de 2008 e o início de 2009, o aumento do protecionismo de fato ocorreu, mas foi amenizado por sinais de que haveria uma rápida recuperação. Como o cenário se inverteu em meados deste ano, com projeções de um período mais longo de incertezas, o sinal de alerta voltou a se acender.

“É preciso estar preparado. Talvez os maiores obstáculos não venham nem da China, mas da Europa, com medidas não tarifárias, como a Rússia fez com a carne brasileira. Talvez as iniciativas não sejam tão óbvias quanto a adotada no Brasil, mas ninguém vai ficar só olhando”, reforça José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB).


A moeda como companheira

A onda protecionista vem acompanhada de uma companheira que foi bem recebida por empresas do Norte do Estado: a valorização do dólar, que, no ano, já alcança 11,4%. Ontem, a moeda americana fechou a R$ 1,833.

Vilmar Anderle, economista e professor emérito da Univille, que palestrou ontem para empresários na sede da Associação Empresarial de Joinville (Acij), disse que a alta na moeda americana deve ajudar as empresas locais a frear o ritmo de importações de máquinas e de bens de consumo, equilibrando a balança comercial joinvilense, que entre janeiro e agosto ficou 57% menor do que em 2010.

Um dos setores que mais tem celebrado o fortalecimento do dólar é o da indústria moveleira, que já vê um alívio com a moeda valendo mais de R$ 1,80. O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de São Bento do Sul e Campo Alegre (Sindusmobil), Daniel Lutz, acredita que o segmento só conseguirá recuperar sua competitividade com o dólar batendo a casa dos R$ 2.

A indústria de máquinas também comemora a cotação acima dos R$ 1,80. Segundo o diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Jaime Grasso, a torcida do setor é para que a moeda, se não continuar subindo, que pelo menos se mantenha no nível em que está. “É muito importante para nós que o dólar se valorize para que nós possamos proteger nossas indústrias contra a importação predatória, que destrói a produção nacional”.

Para o diretor da regional catarinense do Sindipeças, Hugo Ferreira, o impacto do dólar mais alto nas indústrias da região deve ter um reflexo positivo. “Com o dólar valendo mais, as companhias conseguem aumentar suas vendas no exterior.

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