Madeira plástica evita derrubada de árvores para
fabricar móveis
Material é
obtido a partir de lixo plástico reciclado.Estados Unidos usa a madeira
plástica há aproximadamente 20 anos.
Começa a crescer no Brasil o uso de um material que
permite evitar a derrubada de árvores para fabricar móveis: é a madeira
plástica.
Madeira é um produto em alta no mercado internacional e quanto maior a procura, maior a área de florestas derrubadas, mas hoje já possível obter madeira sem precisar derrubar uma árvore sequer e o melhor, a partir dos plásticos que a gente descarta como lixo.
Madeira é um produto em alta no mercado internacional e quanto maior a procura, maior a área de florestas derrubadas, mas hoje já possível obter madeira sem precisar derrubar uma árvore sequer e o melhor, a partir dos plásticos que a gente descarta como lixo.
O ponto de partida para a produção de madeira
plástica, numa fábrica no Rio de Janeiro, é o Polietileno de Alta Densidade
(PAD). “Esse tipo de plástico é encontrado nos frascos de detergente,
amaciante, água sanitária, xampu e todos os frascos de óleo do seu carro e
outros que estão por aí”, fala o diretor da Cogumelo, Daniel Pilz.
Depois de triturado, e transformado em grãos, o
plástico já está pronto para virar madeira. Acompanhamos a linha de montagem
dos produtos de madeira plástica da empresa, uma das maiores do país.
O plástico moído é sugado por uma tubulação até o
misturador. Ele recebe pigmento e um produto químico que dá aderência de
madeira. Isso vira uma massa aquecida a 180 graus para ser rapidamente
resfriada em água gelada, para condensar, a aproximadamente dez graus
centígrados. É assim que nasce a madeira plástica.
A madeira plástica é resistente ao sol e ao frio.
Tem vida útil longa: dura em média 50 anos. É impermeável, fácil de limpar e
manusear, e mais: cupins não gostam de plástico e se alguém colar chiclete ou
pichar é simples de retirar.
Em termos de preço, a madeira plástica ainda é, em
média, 30% mais cara que a natural, mas os fabricantes dizem que basta a
produção aumentar para o preço cair.
A lista de produtos feitos com madeira plástica já
não é só de móveis. A empresa fabrica dormentes para ferrovias e tampas de
bueiros, 30% mais leves que as feitas de ferro fundido.
São mil unidades por mês, principalmente para
prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, que viram uma forma de inibir a
ação de quadrilhas que roubam as tampas para vender o ferro.
Também da fábrica saíram 40 bancos e três pontes
que hoje estão no Parque Nacional de Itatiaia, e os bancos que enfeitam a praça
de um shopping do Rio. O resultado é um produto que, de bater o olho, passa
fácil por madeira.
Não há números oficiais sobre produção de madeira
plástica no Brasil. O que se sabe é que o número de fábricas é muito reduzido e
a madeira convencional lidera com folga a preferência dos consumidores.
Bem diferente da situação nos Estados Unidos. No
país, a madeira plástica chegou com força. É um mercado que já existe há aproximadamente
20 anos e a madeira plástica é usada em boa parte dos ambientes externos.
Os americanos gostam porque requer menos
manutenção, resiste a mofo, não apodrece e o desgaste com sol, maresia, umidade
é menor – 35% das varandas e pátios dos Estados Unidos são feitos com madeira
plástica. São árvores sendo poupadas.
Um deck de cem metros quadrados equivale a duas
árvores de ipê. Existem pelo menos quatro tipos do que se pode chamar de
madeira plástica. Eles variam de acordo com a porcentagem de madeira, PVC e
polietileno usados na mistura.
O Mike Danzilio é um empresário que trabalha com
isso há 25 anos e acompanhou o aparecimento da madeira plástica no país. Ele
conta que adaptou o próprio negócio ao produto porque é isso que as pessoas
querem. “Os americanos aprovam a madeira plástica, mas não porque é um produto
verde”, explica Mike. Segundo ele, o que pesa na decisão da classe média
americana é o bolso. “É uma decisão de manutenção e econômica”.
Uma varanda feita de madeira plástica custa cerca
de três vezes mais na hora da compra, mas a madeira natural exige manutenção, e
isso é caro no país.
Fazendo as contas, com o passar dos anos, se gasta
menos com o material alternativo e menos trabalho e mais economia é justamente
o que os americanos mais gostam.
No Brasil, apenas numa fábrica, são produzidas 200
toneladas de madeira plástica por mês. Em seis anos de produção, evitou-se o
corte de 180 mil árvores, o equivalente a 400 campos de futebol cobertos de
florestas. Diante disso, fica a pergunta: o Brasil precisa mesmo desmatar para
produzir madeira?
Fonte: G1, Globo